Ritmo e anatomia emocional

Leila Cohn, Outubro 2009

 

Na última newsletter levantamos algumas questões relativas ao uso do tempo na vida cotidiana. Gostaríamos de dar continuidade a esta reflexão convidando-os a pensar sobre o impacto do ritmo vivido habitualmente na organização da anatomia emocional de uma pessoa. Na perspectiva formativa, nossa configuração corporal é plástica e maleável, e isto nos confere uma grande capacidade de adaptação a diversas situações. Assim, podemos nos habituar a um ritmo de vida dissonante das nossas necessidades biológicas, porém cabível na nossa realidade social.

Um dos desafios existentes na realidade urbana é justamente conciliar as nossas realidades biológica, pessoal e social. Quando organizamos as nossas agendas não pensamos que as nossas experiências subjetivas estão relacionadas a uma anatomia dinâmica que se molda também em resposta ao ritmo que imprimimos às nossas vidas. Pessoas habitualmente pressionadas pelo tempo formam um corpo onde as relações entre tecidos, músculos, órgãos e hormônios são influenciados por esta pressão, organizando uma configuração anatômico-fisiológica específica.

As sensações, sentimentos e pensamentos presentes em um corpo pressionado são coerentes com sua organização somática, seja ela mais ou menos tonificada, com um espaço interno maior ou menor, e um metabolismo acelerado ou deprimido. O modo como nos usamos no cotidiano influencia a nossa organização corporal, nosso crescimento e experiência emocional. A metodologia formativa trabalha com a modulação muscular voluntária das posturas emocionais, oferecendo a possibilidade de auto-regulação e organização de um tempo pessoal.